Mais uma voltinha, mais uma viagem... E amanhã recolhemos as nossas crianças (há quem já o esteja a fazer hoje). Já vivemos algo semelhante em Março de 2020. Para algumas famílias esta experiência foi bem dolorosa, porque exigiu que alternássemos os nossos papéis vezes sem conta, que acrescentássemos ainda mais papéis que eram de outros personagens, e isto com demandas de adaptação constantes e com o isolamento físico e social, pouco natural no ser humano. Uma parte do que está a passar-se já não é novidade e portanto o momento não é exatamente igual ao de Março. Hoje temos mais bagagem, mais informação que não tínhamos em Março. Hoje quero deixar uma forma diferente de olhar este confinamento, que serve para os próximos tempos, mas serve para sempre, no nosso dia-a-dia. Que as famílias possam olhar para este confinamento usando as 7 atitudes do Minfulness (muito presentes numa Parentalidade Consciente): ✼ Não-Julgamento: é um novo confinamento; e é como é. Não vamos julgá-lo como bom ou mau. Vamos estar fechados em casa 24h/dia (ou aproximadamente), ter de realizar as tarefas que já fazíamos e acumular aquelas que outros cuidadores faziam com os nossos filhos. Mais uma vez, olhemos para ele como é - um confinamento -, sem julgar se é bom ou mau. ✼ Paciência: tudo tem o seu tempo para a acontecer. Assim como nenhuma borboleta pode surgir mais cedo se abrirmos o casulo, também não podemos esperar que a nossa adaptação e a dos nossos filhos a este novo confinamento seja feita sem a nossa paciência. Sejamos pacientes com eles e seremos também connosco. A vida flui e estamos em paz com isso. ✼ Mente de Principiante: olhemos para este confinamento como se de uma coisa nova se tratasse. Sei que é difícil deixar de lado as crenças e a experiência que tivemos com o confinamento anterior. No entanto, aproveitemos o crescimento que tivemos nos últimos tempos, o crescimento dos nossos filhos, e olhemos para isto como se fossemos vivê-lo pela primeira vez, porque é mesmo isso que está a acontecer. Estamos a viver cada momento de uma forma única, porque não somos hoje aquilo que éramos ontem. Perceberemos que cada momento é único e não voltará a ser vivido. ✼ Confiança: confiemos em nós, no nosso corpo, nas nossas emoções, na nossa intuição (aquela voz suave que te segreda quando consegues silenciar o caos da tua mente, acompanhada daquele ímpeto que surge do centro do teu peito - o teu coração). E mesmo que erremos, assumamos a responsabilidade por esse erro e transformemo-lo numa aprendizagem. E assim confiamos que tudo está certo e que não podia ser diferente. Confiemos na única certeza que podemos ter: tudo muda; nada dura para sempre. ✼ Não-esforço: é importante prestarmos atenção ao nosso estado emocional a cada momento. Temos objetivos diários a cumprir e nem sempre eles vão ser cumpridos. Façamos o que é necessário fazer para que cumpramos as nossas tarefas, mas sem esforço. Apenas seguindo o fluir da vida. Usar o fluxo da vida para cumprir o que nos propomos diariamente, sem pretender mudar nada e com foco no momento presente. Como quando perdemos alguma coisa e andamos arduamente à procura... e só encontramos quando nem a estávamos a procurar, no fluxo do dia-a-dia. ✼ Aceitação: aceitar é estar em paz com o que nos é apresentado. Estamos confinados e estamos em paz com isso. Quer concordemos ou não com as medidas que têm vindo a ser implementadas, aceitar é estar em paz com isso. Também não quer dizer que aprovamos o facto de estarmos confinados, o facto de estarmos a trabalhar nas condições em que estamos, ou o facto de algumas famílias estarem a ter mais dificuldades que outras, por desigualdades sociais e económicas... aceitamos tudo isso e estamos em paz. Não quer dizer que não podemos fazer nada quanto a isso. Podemos aceitar que é assim, estar em paz com isso e encontrar soluções que promovam a mudança de algumas condições (enviar cabazes de compras, por exemplo, ou podemos oferecer-nos para uma conversa virtual com alguém mais sozinho...). Dar foco ao que podemos mudar. Quando aceitamos, a clareza torna-se nossa aliada, trazendo-nos a sabedoria necessária para perceber o que fazer. ✼ Deixar ir/Deixar Estar: é aquilo que fazemos todas as noites, quando deitamos a cabeça na almofada, para adormecer. Se conseguimos praticar as 6 atitudes que descrevi acima, esta acontece de forma espontânea. Se não acontecer, ganhamos uma oportunidade para investigar o que nos está a deixar agarrados à situação. Agora, com mais recursos na bagagem, com mais crescimento nosso e dos nossos filhos, desejo que tenhamos muita sabedoria para ativar os melhores recursos que ganhámos e usá-los.
O meu papel, nos próximos tempos, será estar ao serviço das famílias que precisarem de apoio. Apoio Psicológico, apoio na gestão emocional deste momento, apoio na comunicação. Estarei ao serviço por donativo livre. Para que ninguém fique de fora. Se precisares de ajuda, liga-me. Estou aqui! Eu oiço-te e eu vejo-te... Não estás sozinh@. Mónica Barbosa Mãe em Construção
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